Além da revelação

"Deuteronômio 29: 29. As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei."

Toda a ideia se diverge quando vamos para além da revelação. Sabemos que se tratando de teologia há muitas correntes, de pensamentos, e a divergência é tão grande que beira a heresia a opinião alheia. Mas, por que isso? É porque fomos em nossas reflexões e observações para além daquilo que nos está revelado, além das escrituras. O texto diz o seguinte, o que Deus revelou é para nós e nossos filhos, mas, aquilo que está oculto é só para ele. Não estou dizendo aqui, que não possamos desenvolver uma teologia, mas, apenas afirmando que toda a divergência existente na igreja no âmbito da teologia se dá em questões que ou não estão na bíblia; ou que estão na Bíblia, mas, escritas de forma obscura, ocultas; ou que estão implicitas, mas, não claras na Palavra de Deus; ou são apenas citadas, não ensinadas. E por estás quatro pedras existe os muitos tropeços. Podemos livremente desenvolver os nossos pensamentos segundo as diversas vertentes do pensamento teológico cristão, mas, não venhamos a condenar nossos irmãos por questões extrabiblicas, ou de assuntos onde paira dúvidas. Existe esta divergência digo dentro das igrejas cristãs sérias, não das seitas heréticas que também são muitas, mas, quanto a estás seus motivos em discordar já é sabido, que vem do inferno para confundir as mentes dos simples. Pois são deliberados contra a palavra de Deus, ao ensinar coisas que contradizem a mensagem da cruz ensinando um outro evangelho.
Vamos refletir agora em cada um destes tropeços:
1°. Questões que não estão na Bíblia.
E porque não estão? Por que Deus, não as quiz revelar, são de âmbito Divino e que estão a sua mercer revelar no devido tempo. Mas, a curiosidade humana, se mete em muitas expeculações. A doutrina por exemplo que explica como se dá a união entre o Jesus humano e o Jesus Deus, a doutrina da transubstanciação (doutrina católica que diz que o pão e o vinho, se tornam verdadeiramente a carne  e o sangue de Jesus). Talvez por um esforço intelectual, olhando a gramática e ortografia grega e hebraica, alguém possa fazer uma exegese provando por a mais b, que estás doutrinas e outras que eu não citei, são sim biblicas, mas, é forçado, não é claro definido, é algo que alguém pensa e procura extrair da Bíblia seu apoio. Não quero desmerecer as doutrinas acima, apesar que como protestante a doutrina católica da transubstanciação, não a aceito. Nem estou dizendo que são heréticas, mas, que são especulativas, nem digo que não devam ser ensinada por suas respectivas denominações, mas, que não se deve dar a elas o status de inerrantes, pois embora com um esforço intelectual alguém possa dizer que são de base bíblicas, todavia não o são e sim são apenas raciocinios humanos em torno de um tema, e nem são ensinadas na Bíblia.
2°. Estão escritas na Bíblia, mas, de forma obscura.
Este relato já nos foi adiantado por Pedro, no tocante aos inconstantes e ignorantes( 2 Pedro 3.15,16    ). Mas, no tocante ao assunto por mim proposto, não são inconstantes nem ignorantes( ainda que talvez este segundo se aplique mais). Porém devido a obscuridade de algumas passagens no esforço exegéticos de alguns amados irmãos,  acabam os mesmos por chagar a conclusões divergentes uns dos outros, onde uma palavra pode significar n coisas. Alguns olham zelosos todos os contextos, e os originais, mesmo assim não conseguem ser concisos em suas conclusões. Minha simples opinião é que,  se estão obscurecidos para nós, pessoas que não vivemos mais na época em que os originais foram escritos, e para quem os mesmo foram escritos, então deixemos assim. Pois de certo para eles não era, pois estava envolvido pelo contexto íntimo de seus destinatários. Contexto este que por ser de foro íntimo, só Deus para sabe-lo. Podemos pelas nossas investigações às vezes listar possíveis realidades, que explique algumas expressões. 
Outra opinião é que com respeito ao entendimento no qual chegamos após uma cuidadosa exegese do texto, não deve ser desprezado, principalmente se o mesmo alia-se a uma convicção pessoal. Todavia não acho conveniente brigar com o próximo sobre coisas que não estão claras, e se são assim é por Deus não nos a revelou, e as divergências teologicas, como já disse, partem de quando vamos além da revelação.
3°. Estão implicitas mas, não claras.
Ou seja, são palavras ou idéias que quando se lê o texto bíblico você percebe, que está idéia está ali, mas, não está assim tão nítido, a não ser por um examinar cuidadoso da palavra de Deus. E neste sentido, mesmo assim, carece de um longo elaborar argumentativo filosófico sobre a idéia implícita, para que possa alguém vir, a concordar. Quando falo que estão implícita, é que são doutrinas, que podemos deduzir ou saber que embora o texto não fale sobre as mesmas todavia, podemos compreender elas por meio deles, ou também podemos saber que o que eles originalmente defendem vem a abarcar tal doutrina. 
4°. São apenas citados, não ensinados.

A doutrina da eleição dos santos, é por vezes citados, em Atos dos Apóstolos (  Atos 2.47  ), por idéias como ": aqueles que se haviam de ser salvos", ou " eleitos segundo a presciência"(   1 Pedro 1.2), " vos predestinou n'Ele"(   Efésios 1.11 ), também a doutrina da Trindade na fórmula batismal( Mateus 28.19  ), bem como a própria fórmula batismal (  Atos 2.38 ), e outras doutrinas são citadas, mas, não desenvolvidas, e este desenvolvimento doutrinário que foi feito depois, foi o causador de divergências, pois cada um de seus desenvolvedores seguiu por uma vertente. Minha observação apenas é que não devemos brigar por questões secundárias ou terciárias a palavra, que sim devemos estar firmes e certos em nossas convicções, mas, lembrando que elas se baseiam em fontes que seguem as escrituras e não são elas, logo como tais são passíveis de falhas de seus autores. Hoje por exemplo a fórmula batismal se divide em por imersão, por aspersão, em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, ou apenas em nome de Jesus, no tocante a doutrina da eleição, tem aqueles que levam em consideração a preciência de Deus e outros dão ênfase na soberania divina.
 Neste texto não quero expor a minha opinião, nem impor a opinião mais correta, ou que eu ache, mas, apenas mostrar a incoerência na qual nós encontramos. Minha defesa e autocrítica neste campo é por causa de nosso compromisso diante do Senhor Jesus de sermos suas testemunhas ( João 17.21/ Atos 1.8   ). Se as nossas divergências de idéias se restringisse ao campo das ideias e não se traduzisse em sentimentos inflamados, divisões e guerrilhas, talvez não estaria aqui escrevendo este artigo. Porque todas estas dissensões trazem consigo, a característica da falta de amor, revelando ou contradizendo aquilo que Jesus disse sobre o seu amor, ser em nós a marca genuína de seu discipulado ( João 13.34,35  ). Pois no campo das ideias, sempre vai haver divergências e correspondentes de pensamentos as mais, variadas. Nos dias de Jesus, já existia na teologia judaica várias correntes de pensamentos diferentes, em nenhum momento Jesus saiu levantando bandeira de uma ou outra corrente e atacando de forma feroz os outros por suas ideologias, mas, também não escondeu o que pensava ou o que defendia. Para nós cristãos, devemos ter algo que uma linha de delimitadora em nossas correntes interpretativas, para que elas não se tornem como já tem acontecido de ser tropeço para nós e para aqueles que buscam o caminho da fé salvífica em Cristo Jesus.
No livro "Autoridade Bíblica Pós-Reforma", o autor apresenta as cinco solas da reforma, como um b caminho neste sentido. "Só a graça, só a fé, só as escrituras, somente Cristo, só a Deus a Glória".

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