Questão sobre livre agência. Predestinação por Armínio

 

Livre agência do homem natural, leiamos: O homem não pode fazer diferente que continuar no pecado por tanto tempo quanto está no seu estado natural (Jeremias 17:9; Provérbios 4:23; Jó 14:4; Jeremias 13:23; João 6:65; Romanos 8:7,8; I Coríntios 2:14). Mas sua continuação no pecado não se deve a compulsão ou restrição exterior senão ao seu próprio caráter que lhe causa escolher as trevas mais que a luz (João 3:19). Ele continua no pecado pela mesma razão por que um porco se espoja no lamaçal; continua no pecado pela mesma razão porque Deus continua na santidade. Assim ele é completamente um livre agente.

Ao invés de livre agência, isso não deveria se chamar; curso da natureza? E se sim então não é livre, livre seria o poder para contrariar o curso da natureza. Deta-lhe um rio não segue o curso porque é livre, mas, porque está preso a uma lei física, criada por Deus a qual descreve o seu caminho. Todo o ser que não é pensante de igual modo segue uma lei fisica, eles são guiados e dirigidos por seus extintos.

Já o ser pensante chamdo homem, é um ser escravo, a lei que deveria reger o homem é a lei moral, no entanto pelo pecado o homem esta preso a sua natureza carnal, seguindo pelas trevas como um animal.

A luz do evangelho, é que lhe recobra a razão(tal como Nabucodonosor), mas, assim como aquele rei o homem precisa se subordinar a esta luz, em João 3.19 diz que os homens não fizeram isso, mas, eles aborreceram a luz.

Então a pergunta permanece, o que é livre agência?

João 3:18 Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. 19 E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.

João 8:34 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. 35 Ora o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para sempre. 36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.

O homem não tem livre agência, ele é escravo, e por que é escravo a ideia de livre arbítrio casa melhor, pois o homem não é livre no seu agir, mas, na sua consciência ele pode discernir, pois a mesma lhe serve de juiz.

Romanos 2:14 Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; 15 Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;

 João 8:9 Porém ouvindo eles isto, acusados pela consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.

(Nota minha Felipe F. Lopes)


𝑷𝒓𝒆𝒅𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒂ção 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝑪𝒐𝒏𝒅𝒊𝒄𝒊𝒐𝒏𝒂𝒍, 𝑪𝒓𝒊𝒔𝒕𝒐𝒄𝒆̂𝒏𝒕𝒓𝒊𝒄𝒂 𝒆 𝒅𝒆 𝑨𝒄𝒐𝒓𝒅𝒐 𝒄𝒐𝒎 𝒂 𝑷𝒓𝒆𝒔𝒄𝒊𝒆̂𝒏𝒄𝒊𝒂


Robert E. Picirilli sintetiza a visão de Armínio quando ele diz que, para Armínio, "a incondicionalidade das decisões 'soberanas' de Deus (plano, propósito) não necessariamente quer dizer que todos os fins que Deus tem como propósito são incondicionais ou necessariamente realizados"[1]. Deus decreta incondicionalmente que a eleição e reprovação estão condicionadas à crença ou descrença. Stuart Clarke e William den Boer estão corretos quando argumentam que a satisfação de Cristo da justiça divina é a força motriz por trás da doutrina da predestinação de Armínio, não o livre arbítrio[2]. Conforme den Boer diz, a visão de liberdade da vontade de Armínio "flui a partir" de sua doutrina da justiça divina "como uma consequência"[3]. Para Armínio, o problema primário com as fortes visões calvinistas sobre a predestinação, quer seja o supralapsarianismo ou infralapsarianismo[4], era que elas não enraizavam a predestinação na obra mediadora de Cristo. Era como se Cristo e Sua obra fossem uma ideia posterior. Tanto no supralapsarianismo quanto no infralapsarianismo, Deus decretou primeiro quais indivíduos seriam eleitos e quais seriam reprovados. Apenas então Ele decretou designar Cristo como mediador para a salvação dos eleitos. Essa é a ordem contrária, ele argumentava. Ela "inverte a ordem do evangelho"[5]. Em vez disso, a predestinação deve estar embasada em Cristo e "em relação a" Sua obra mediadora e na união do crente com Ele. Em seu 𝑒𝑥𝑎𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑛𝑓𝑙𝑒𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑃𝑒𝑟𝑘𝑖𝑛𝑠, Armínio argumentou que "Deus não reconhece ninguém como Seu em Cristo e em razão de Cristo, a menos que aquela mesma pessoa esteja em Cristo". Contudo, ele defendia que, no calvinismo, a eleição é "sem relação com Cristo", e Sua obra mediadora. Pelo contrário, ele disse, a Escritura "coloca Cristo como a base, não apenas execução, mas também da realização da própria eleição"[6].


Em sua discussão de predestinação em sua 𝐷𝑒𝑐𝑙𝑎𝑟𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑑𝑒 𝑆𝑒𝑛𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠, Armínio começou respondendo à doutrina calvinista de que Deus necessariamente decretou certas pessoas para a vida eterna e outras pessoas para a destruição eterna "a quem Ele via como já criadas ou mesmo como caídas", sem referência a sua crença ou descrença.[7] Armínio objetou (1) a visão de que Deus incondicionalmente decretou a Queda, e (2) a visão de que Deus incondicionalmente decretou que certas pessoas seriam salvas sem considerar a crença de tais pessoas e que Ele incondicionalmente decretou que as demais pessoas seriam condenadas sem considerar o pecado ou descrença das mesmas. Armínio discordava do calvinismo supralapsário porque ele acreditava que essa posição fazia Deus o autor do pecado, pois Deus decreta que a queda do homem deve necessariamente ocorrer. Ele discordava tanto do calvinismo supralapsário quanto do infralapsário porque ele acreditava que tais sistemas removiam a eleição de seu embasamento na satisfação de Cristo de justiça divina.[8]


Em sua 𝐷𝑒𝑐𝑙𝑎𝑟𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑑𝑒 𝑆𝑒𝑛𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠, Armínio desenvolveu um esquema alternativo dos decretos divinos que sustenta a justiça e retidão de Deus e coloca Cristo e o evangelho no centro da predestinação. Primeiro, Arminio defendia que, Deus decreta incondicionalmente designar Jesus Cristo como "Mediador, Redentor, Salvador, Sacerdote e Rei", que por sua obediência e morte obtém salvação. Segundo, Deus incondicionalmente decreta salvar aqueles que se arrependem e creem em Cristo, mas deixar os não crentes impenitentes em pecado e, consequentemente, sob a ira divina. Terceiro, Deus incondicionalmente decreta administrar os meios a salvação de acordo com Sua sabedoria e justiça. Quarto, Deus incondicionalmente decreta "salvar e condenar certas pessoas particulares" de acordo com Sua presciência "através da qual Deus sabe desde toda a eternidade as pessoas que através dos meios estabelecidos de Sua graça preveniente teriam fé e creriam, e através de Sua subsequente graça sustentadora os que perseverariam na fé. Semelhantemente, na presciência divina, Deus sabia os que não acreditariam e perseverariam"[9]


Dessa forma, Arminio ensinou a 𝑒𝑙𝑒𝑖𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝑒 𝑎 𝑟𝑒𝑝𝑟𝑜𝑣𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙. Os indivíduos a quem Deus amorosamente conheceu de antemão como crentes, Ele os elegeu como Seus[10]. Aqueles individuos a quem Ele conheceu de antemão como descrentes, Ele reprovou.


Citações:


1. Picirilli, Grace, Faith, Free Will, p. 45. 


2. A cristocentricidade da eleição é o tema do livro de Clarke, The Ground of Election, enquanto a centralidade da justiça divina é o tema do livro de den Boer, cujo título é God's Twofold Love, com referência, primeiramente, ao amor de Deus por Sua justiça, e, segundo, o amor de Deus pelas pessoas.


3. Den Boer, God's Twofold Love, p. 120.


4. Supralapsários dizem que Deus decretou a queda ("lapso"), enquanto os infralapsários dizem que ele não decretou. Mas ambos defendem que Deus decretou incondicionalmente a eleição dos indivíduos sem considerar seu status como crentes.


5. Gunter, Declaration of Sentiments, localização 2908 no Kindle; cf. Armínio, Works, vol. 1, p. 632.


6. Arminio, Works, "Examination of Perkins's Pamphlet", vol. 3, pp. 296, 303. 


7. Gunter, Declaration of Sentiments, Localização 2537 no Kindle; cf. Armínio, Works, vol. 1, p. 614.


8. Cf. Armínio, Works, "Letter to Hippolytus a Collibus", vol. 2, pp. 698-700. 


9. Ibid., localizações 3168-3170 no Kindle; cf. Arminio, Works, vol. 1, pp. 653-654.


10. Para mais sobre a visão de Armínio da presciência de Deus dos eleitos, não apenas como presciência, mas como presciência íntima, veja Picirilli, Grace, Faith, Free Will, p. 56.


Fonte:


PINNOCK, Clark H. & WAGNER, John D. Graça para todos. A dinâmica arminiana da salvação, pg. 257-260.

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